Personalidade Científica: Maria Laura Moura
Maria Laura nasceu em Timbaúba, Pernambuco, em 1917. Até 1934, viveu e estudou em Pernambuco. Laura espantava muitas pessoas devido ao seu apreço pela Matemática, visto que, na época (e ainda nos dias de hoje),a Matemática não era vista como algo comum para as mulheres. O olhar das pessoas a sua volta não a impediu de continuar afinando-se com a Matemática. Em 1935, junto a sua família, Laura se mudou para o Rio, e ingressou no curso de Matemática.
A carreira de Maria Laura Moura:
Em 1943, foi contratada como professora assistente no Departamento de Matemática da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), no Rio de Janeiro. Primeira mulher a doutorar-se em Matemática, Maria Laura adquiriu seu título em 1949. Após adquirir seu título de Doutora em Matemática, Laura trabalhou por dois anos no Departamento de Matemática da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
Laura sempre empenhada em seu trabalho, participou da criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e, no mesmo período, passou a ministrar aulas de Geometria no curso de Engenharia, no recém criado Instituto da Aeronáutica (ITA). Além disso, Laura participou da criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que foi fundado em 15 de janeiro de 1951. Ainda em 1951, foi a primeira brasileira a se tornar Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências. Em 1952, em conjunto com alguns dos matemáticos mais influentes do país, fundou o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), onde exerceu a função de secretária durante 4 anos, e em março de 1952, foi diplomada na Academia Brasileira de Ciências. Se tornou chefe do Departamento de Matemática da FNFi, até este se tornar Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A carreira de Maria Laura durante o Regime Militar no Brasil foi interrompida quando, em 1969, foi aposentada compulsoriamente e banida do país pelo Ato Institucional Nº 5 (AI5). Saindo do país, sua primeira parada foi em Pittsburgh, e a segunda, em Estrasburgo, onde começou a desenvolver pesquisa na área de Educação Matemática no Institute de Recherche en Enseignement de Mathematiques. Com sua habilidade de relacionar diversas áreas da ciência vai tornando-a uma das mais importantes pesquisadoras em Educação Matemática no Brasil e no mundo. Retornou ao Brasil em 1974, como coordenadora de Matemática de ensino médio e dois anos depois, ajudou a fundar o Grupo de Ensino e Pesquisa em Educação Matemática (GEPEM), que foi coordenado por ela durante oito anos. Em um convênio entre o GEPEM e o MEC/INEP, Laura conseguiu promover a primeira pesquisa em Educação Matemática no país. Graças a Lei da Anistia, ainda durante a ditadura militar, Laura reassumiu sua cadeira no Instituto de Matemática da UFRJ. Com o GEPEM estabeleceu convênio com a Universidade Santa Úrsula e criou o primeiro curso de pós-graduação lato sensu em Educação Matemática do Brasil. Em 1996, Laura recebe o título de professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Seu último trabalho intitulado Projeto Fundão, vigora até hoje e é conhecido e renomado. O projeto visa a participação dos professores da Universidade, professores da escola básica e graduandos da Universidade como corresponsáveis por todas as ações. Trata-se de trabalho realizado por professores para professores, além de representar o início da abertura da UFRJ como espaço de desenvolvimento profissional de professores da educação básica. Com esse projeto, Maria Laura assumiu o cargo de coordenadora a nível nacional do Sub-Programa de Educação para Ciência (SPEC) – constituinte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT) e gerenciado pela CAPES em 1983.
Laura possui uma vasta produção acadêmica sobre a evolução da Educação Matemática e Matemática, trabalhos estes que são muito influentes no Brasil e no mundo. Além disso, Laura ainda publicou livros pelo Instituto de Matemática do Rio de Janeiro. Maria Laura durante toda a sua carreira, orientou diversos trabalhos acadêmicos, assim como participou de inúmeras bancas de defesa de monografias, dissertações e teses, bem como bancas de concursos em diversas universidades do país.
Como não se admirar com a carreira esplendida de Maria Laura Moura?
Mulher, defensora da educação de qualidade e amante da ciência. Exemplo de excelência profissional e inspiração para qualquer estudante. Provou que para haver grandes mudanças, são necessários pequenos passos, em conjunto e não desistir diante das dificuldades.
Referências Bibliográficas
FERNANDEZ, Cecília de Souza. A Vida de Maria Laura Mouzinho Leite Lopes. Mulheres na Matemática. Niterói, 2018. Disponível em: <http://mulheresnamatematica.sites.uff.br/maria-laura-mouzinho-leite-lopes/ >. Acesso em 10 de setembro de 2020.
PEREIRA, Pedro Carlos. Um elo perfeito: Maria Laura Mouzinho Leite Lopes e a educação matemática Vida y obra. Rev. Cient. Gen. José María Córdova, Bogotá , v. 13, n. 15, p. 326-334, Jan. 2015 . Disponível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-65862015000100016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 10 de Setembro de 2020.