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Personalidade científica: Juliano Moreira




A presença do negro na ciência ainda é um tema pouco mencionado por pesquisadores e educadores, tanto nas universidades quanto nos demais setores da educação, ciência e tecnologia. A invisibilidade da mídia social também ofusca trabalhos e descobertas de grandes personalidades científicas. Diante disso, fugindo do simples estereótipo homem branco e "gringo" dentro da ciência destacamos como personalidade científica da semana um homem negro, brasileiro e nordestino, estamos falando de JULIANO MOREIRA.

Juliano Moreira nasceu em 6 de janeiro de 1873, em Salvador, Bahia e faleceu em 1933 devido à tuberculose. Seus estudos foram financiados pelo padrinho Luis Adriano Alves de Lima Gordilho (Barão de Itapuã), que era médico e professor da faculdade de medicina e para quem a mãe de Moreira trabalhava como empregada. Juliano Moreira é freqüentemente designado como fundador da disciplina psiquiátrica no Brasil.3 É suficiente olhar para sua biografia para compreender tal título. Juliano Moreira ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia precocemente, aos 13 anos de idade, graduando-se com a tese “Sífilis maligna precoce”

Um aspecto marcante na obra de Juliano Moreira foi sua explícita discordância quanto à atribuição da degeneração do povo brasileiro à mestiçagem, especialmente a uma suposta contribuição negativa dos negros na miscigenação.3 Deste modo, Moreira lutou não contra a teoria da degenerescência, mas lutou veementemente contra o pensamento de causa que era “a mistura de raças degenera o povo brasileiro”.

Obviamente, a postura de Moreira era minoria nas primeiras décadas do século XX, no entanto, isto não foi empecilho para que ele defendesse e lutasse por suas idéias. Neste sentido, além da luta contra o racismo no meio científico, podemos citar outras mudanças defendidas por Moreira: o médico defendia que amarras e isolamento não eram necessários para pacientes com doenças mentais, por isso como diretor do Hospital dos alienados derrubou os quartos de isolamento, também aboliu coletes e camisas de força e reativou oficinas de trabalho.

De 1903 a 1930, no Rio de Janeiro, dirigiu o Hospício Nacional de Alienados. Ingressou na Academia Brasileira de Ciências (ABC) em 1916, e ocupou o cargo de presidente de 1926 a 1929. Moreira participou de diversos congressos médicos e representou o Brasil no exterior em diversas circunstâncias; fundou, juntamente com outros médicos, os periódicos Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal (1905), Arquivos Brasileiros de Medicina (1911) e Arquivos do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro (1930) e a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal (1907). Em 1894, Moreira identificou a doença botão endêmico dos países quentes, também conhecida como botão da Bahia ou leishimaniose tegumentar. Foi Moreira que pela primeira vez descreveu a fotodermatose rara Hydroa vacciniforme, também foi pioneiro no uso de microscópio em seus estudos e na efetuação de punção lombar na Bahia para estudos de sífilis e lepra.

Conhecendo a história de Juliano podemos afirmar que para buscar nossos objetivos temos que lutar com diversas realidades e com o preconceito, isto pode ser realizado através da Educação. Podemos mostrar para o mundo que conhecimento não tem paletas de cores, principalmente quando se trata de humanos.


REFERÊNCIAS

Academia Brasileira de Ciências. 18 cientistas brasileiros e suas contribuições. Ed. Elisa Oswaldo-Cruz Marinho. 2016.

FILHO, L. A. C. Quem foi Juliano Moreira. Hospital do Coração.

ODA, A. M. G. R., DALGALARRONDO, P. Juliano Moreira: um psiquiatra negro frente ao racismo científico. Rev. Bras. Psiquiatria. V. 22, n. 4, São Paulo. Dez. 2000

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